"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem." (Rubem Alves)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PROTESTO PELAS VÍTIMAS DO TRÂNSITO


FORTALEZA-CE Sem entender o porquê de um carro estar ali, no aterro da Praia de Iracema, a menina cutucou o pai e apontou para o veículo. Queria explicações. Quando virou a cabeça, deparou-se com outros três dispostos da mesma maneira e igualmente amassados. “Eles bateram, minha filha. Bateram porque o motorista estava bêbado ou no celular”, disse o homem.

Atrás dos carros, bandeiras negras tremulavam sustentadas por hastes de metal. Símbolos do luto pelas vítimas de trânsito. “O principal problema é a imprudência. E imprudência é falta de educação”, avaliou o presidente da Federação dos Motoclubes e Motociclistas do Ceará (FMC), Jaime Ferreira.

Ele refere-se aos 40.610 mortos em acidentes de trânsito em 2010 no Brasil. No Ceará, foram 1.965. Estatísticas preocupantes, já que os óbitos eram 32.753 e 1.501 no País e no Estado, respectivamente, em 2002.

Se consideradas somente as ocorrências envolvendo motos, os números também assustam. Em 2002, 3.744 pessoas morreram em todas as Unidades da Federação (UFs). No Ceará, foram 385. Ano passado, os totais chegaram a 10.134 no Brasil e 583 no Estado.

Os dados compõem um levantamento do Ministério da Saúde e embasaram o protesto de ontem, promovido pela FMC e Instituto Brasileiro de Defesa da Cidadania (Ibradec). “O Ceará é campeão nacional dos acidentes com moto. O negócio está tão preocupante que dizemos uns pros outros que a questão não é nem morrer, mas é não ter sequelas”, frisou Ferreira.

Quem passava pelo calçadão, observava as bandeiras representando os estados brasileiros, os quatro veículos enfileirados e uma pilha de cadeiras dispostas na areia para um ato ecumênico sob o comando do bispo emérito de Limoeiro do Norte, dom Edmilson Cruz.

Alguns interrompiam a caminhada, se aproximavam da “exposição” e arregalavam o olho quando tomavam conhecimento das estatísticas, afixadas em cada haste-bandeira. “É muita gente que morre por nada. Se todo mundo tivesse um pouco mais de cuidado na direção, quantas vidas não seriam salvas?”, questionava a comerciante Maria de Dalva, 31.

Assim como ela, muita gente que passava pela avenida historiador Raimundo Girão observava faixas no aterro alertando para a necessidade de motoristas e motociclistas serem prudentes. “Sua atitude faz a diferença”, citava um dos dizeres.

O protesto também pedia mais campanhas de educação no trânsito. “Se conscientizasse mais o povo, o Governo gastaria menos com tratamento”, acredita o autônomo Carlos Augusto.

Fonte: Jornal o POVO.